Bem, neste momento estou tomando meu café da manhã, vivo no Distrito dos Magos, na cidade capital de Ventobravo. Meus pais faleceram quando o dragão conhecido como Asa da Morte atacou a cidade, já fazem algumas semanas, já sofri o que tinha de sofrer e agora preciso seguir em frente, apesar de sentir muita falta deles... (suspiro). Certo, certo, preciso mudar de assunto, não sou bom em descrever as pessoas, então vou tirar uma fotografia e anexar junto deste diário, desta forma vocês saberão quem eu sou, é mais fácil juntar os pensamentos a um rosto não é?
Eu tenho vinte anos de idade, já me formei na academia de artes arcanas, apesar de quase repetir de ano, ainda não consegui entender como que faz para manipular o tempo, talvez se eu tivesse aprendido poderia ter salvo meus pais... Trabalho como garçom na taverna O Recôndito Azulego, mas apenas para matar o tempo, meus pais em deixaram uma boa herança... Sem falar que é ótimo ficar vendo as aprendizes de maga fazendo sorvete na sorveteria O Cone Frio, elas ficam lá lançando a magia e os seios ficam balançando e o quadril rebolando, loucura, loucura, loucura.
Ai caramba, como que apaga esse pensamento? Pela Luz, que merda eu fiz? Quando as pessoas lerem isso vão pensar: "nossa, que mago pervertido". Acabei de manchar o nome da família. Muda o pensamento, muda o pensamento...
Melhor eu ir andando, passear vai clarear meus pensamentos.
-Bom dia Arquimago Malin - cumprimentei o velho.
-Bom dia jovem Dorimar, já aprendeu a usar o Diário Mental?
-Claro, foi fácil.
-Quem bom jovem, só aviso para tomar cuidado com os pensamentos, pois nada pode ser apagado.
-É mesmo? Vou tomar cuidado então - só agora ele avisa - Tenha um bom dia.
-Igualmente Dorimar - respondeu o velho com um tom de chacota, como se já soubesse que eu fiz merda em meus pensamentos.
Mais a frente encontrei as meninas conversando, sentadas na grama, acho que vou me enturmar com elas, vai que eu consigo... aprender... algo novo. Controlar os pensamentos é mais complicado do que parece.
-Bom dia meninas! - saudei sentando na grama logo em seguida.
-Bom dia Dorimar - responderam em coro.
-Então, o que andam tramando? - puxei assunto.
-Estamos debatendo - disse Iara Medini - Pois Maginor diz que torcer fluxos alternados de energia positiva realmente cria um fluxo muito mais estável.
-É, mas isso iria desequilibrar o foco mágico e causar uma vibração inversa no éter - Acrescentou Monalisa Peres.
-E se usássemos três focos no padrão de Tyrean? - sugeriu Suzanna - Isso provavelmente resolveria. O que você acha Dorima?
-Três focos, com certeza - não tenho a mínima ideia sobre o assunto - Uma vez eu tive que construir uma barreira arcana para proteger um carregamento de um bando de assaltantes orcs e usei três focos com sucesso.
-Nossa! - exclamou Suzanna - você já enfrentou um orc?
-Mas agora preciso ir meninas, o Arquimago Nakada está precisando de um voluntário - me despedi e sai apressado sem escutar o que elas responderam.
Preciso saber aonde estou com a cabeça, nunca enfrentei orcs, nunca saí de Ventobravo, o máximo que cheguei foi até o Vale dos Heróis. E se as meninas se matarem por seguir meu conselho de utilizarem três focos de não sei o que? E o pior que está tudo registrado neste diário mental imbecil.
O Arquimago Nakada já deve ter começado a aula das crianças, preciso apertar o passo se quiser ser voluntário. As pessoas tem medo de se voluntariar, pois no final o Arquimago sempre transforma os voluntários em alguma criatura mágica para alegrar as crianças.
Eu não tenho medo, até gosto, principalmente quando ele me transforma em algo que voa.
-Saudações Arquimago, Saudações crianças! - me apresentei alegremente.
-Seja bem vindo Dorima - disse o Arquimago Nakada - pontual como sempre.
-Obrigado.
-Dorima, você lembra quando tinha a idade deles? - indagou o Arquimago.
-E você se lembra das quatro regras da magia? - perguntou Nakada.
Lembro-me que passei semanas decorando as quatro regras.
-Magia é poder. A magia corrompe. A magia vicia. A magia atrai os habitantes da Espiral Etérea àqueles que manipulam o arcano - repeti as palavras igualmente estava no livro.
-E o que mais tem para nos falar Dorima?
- Estas quatro regras são infalíveis, e elas governarão cada passo que vocês derem caso escolham realmente trilhar o caminho dos magos.
-Muito bem - aplaudiu o Arquimago Nakada - Você nem parece mais com o aluno problemático que eu tinha - as crianças riram - Você está preparado para a transformação Dorima?
-Com certeza Arquimago - esse era o ápice da aula.
Então o Arquimago lançou o feitiço em mim, as crianças riram e eu estava voando como uma dragoleta. Saindo da vista de todos, fui fazer o que aquela nova forma de possibilitava fazer. Pousei em frente a janela do dormitório feminino da academia de artes arcanas. As meninas não resistiam a uma dragoleta, elas abriram a janela e fui abraçado e acariciado por seios de todos os tipos e tamanhos... Mais um deslize para a história da minha família.
Eu nunca tinha parado para pensar em como minhas atitudes são depravadas. Quando eu morrer e os magos do futuro forem ler meu Diário Mental, o que pensarão de mim? Meu corpo já voltou ao normal, mas estou me sentindo culpado em ter me aproveitado das meninas do dormitório. Será que esse será meu futuro? Será que vou me tornar um velho pervertido que faz shows de mágica na Feira de Negralua?
Sou muito novo, preciso viver, preciso sair da proteção desta cidade e conhecer o mundo, preciso enfrentar orcs, trolls, demônios, preciso me tornar poderoso, preciso ser alguém, preciso conquistar a glória e fazer o nome de minha família conhecido, sem falar das garotas que vou encontrar por ai, eu preciso e eu vou...
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